Lula lá no SUS
Após o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter sido diagnosticado com
câncer de laringe surgiram várias campanhas nas redes sociais pregando que o
tratamento fosse feio pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Desde sábado, foram
criadas 17 páginas, uma foto usada por um internauta para lançar a campanha teve
mais de 120 mil compartilhamentos no Facebook. No Twitter, a hashtag #LulanoSUS
foi usada 378 vezes.
Nas redes sociais o ex-Presidente Lula continua muito popular
O Hospital Sírio Libanês, onde Lula faz o tratamento, não atende pelo SUS. No
entanto, médicos que integram a equipe que assiste o ex-presidente atuam também
em hospitais que utilizam o SUS.
Para o deputado federal Osmar Terra (PMDB-RS), que participou da concepção do
SUS, no final dos anos 80, se Lula tem condições de fazer o tratamento "ele tem
que fazer". "Se ele pode ter esse atendimento diferenciado, como muitos
brasileiros têm, tem que fazer, não é colocando ele na fila que vai mudar alguma
coisa".
No entanto, ele acredita que a polêmica gerada no ambiente virtual pode
servir como motivação para o governo investir mais na saúde, "para que outros
milhões de brasileiros tenham oportunidade de ter um atendimento rápido também".
"O SUS não pode ter o menor financiamento da história. No governo Sarney, tinha
quase o dobro dos recursos que tem hoje proporcionalmente à receita do País. No
governo de Fernando Henrique, tinha 1,5% a mais em média da receita bruta do que
se tem hoje", disse o parlamentar defendendo a aprovação da emenda 29 com
aumento de recursos para a Saúde, em discussão no Congresso.
Segundo o Ministério da Saúde, o SUS é responsável por 80% dos tratamentos de
câncer no País. Segundo o ministro Alexandre Padilha, 30 milhões de
procedimentos para tratamento do câncer são realizados por anos pelo SUS.
"Várias pessoas estão tratando e curando o câncer. Tratar a doença ajuda as
pessoas a perceber que é importante o diagnóstico precoce e enfrentar o
preconceito contra o câncer. E a forma como o presidente Lula está lidando com o
tratamento vai dar mais esta demonstração", disse.
O atendimento pelo sistema é feito nas Unidades de Assistência de Alta
Complexidade (Unacon) e nos Centros de Assistência de Alta Complexidade em
Oncologia (Cacon). Em São Bernardo do Campo, cidade onde Lula vive, o
atendimento é feito pelo Hospital Anchieta São Bernardo do Campo, onde funciona
uma Unacon com serviço de radioterapia. Na capital, outras sete unidades fazem o
tratamento pelo SUS.
No entanto, um relatório elaborado pelo Tribunal de Contas da União (TCU),
referente a 2010, aponta que a capacidade de atendimento do SUS não atende a
demanda. As principais deficiências estão relacionadas à demora na realização de
exames e tratamento. O tempo médio entre o diagnóstico e início da quimioterapia
é de 76,3 dias. Segundo o levantamento, no ano passado, apenas 35,6% dos
pacientes conseguiram iniciar o tratamento nos primeiros 30 dias após a
confirmação da doença.
Para a realização de radioterapia, o tempo médio de espera foi de 113,4 dias.
Para a cirurgia, o tempo médio foi de 35 dias. Em São Paulo, 15,7% são atendidos
em até 77 dias, mas a média é de 100 dias de espera.
Médicos entrevistados para a elaboração do relatório disseram que a demora
está relacionada com a dificuldade para realização de exames e outros
procedimentos de diagnóstico. A biópsia, procedimento que identificou o câncer
em Lula, foi apontado, por 73,5% dos médicos, como um dos mais demorados.
Para se ter uma ideia do problema, em países com o Canadá, o tempo médio de
espera para o início do tratamento é de seis dias. No Reino Unido, em 92% dos
casos o tempo médio de espera é de 15 dias.

Média de 100 dias de espera; até lá já encontrei Jesus
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